quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

um conto


Passava-se da meia noite de sábado, as luzes da cidade pareciam estrelas em noite de lua cheia. A multidão se alastrava entre os becos e ruas intermináveis da capital viciosa e populosa que é São Paulo. Sentado em um bar da moda, La estava João, um típico homem com seus trinta e poucos anos, perdido em pensamentos sórdidos e sua habitual cerveja. Como de costume, aquela noite seria de piadas grotescas, olhares maliciosos e sexo, somente sexo.

Nada diferente até o momento em que olhou em direção ao bar, infestado de mulheres seminuas com a real necessidade de se sentir desejada, e viu a mulher que era diferente de todas ali presente. Tinha suas curvas reveladas, porém despertava aquele desejo de querer saber mais, possuía um sorriso inocente e sedutor, tinha as mãos de fada. Era aquela, precisava saber seu nome, precisava ser sua.

Debaixo de toda a banca de conquistador, reinava a simplicidade e esta era a principal arma para ganhar o prêmio da noite. Não a enxergou apenas com vontade, instinto, almejou algo mais, sentimento, esse era o objetivo. Como uma fera que segue o cheiro da carne, João esquivou-se dos obstáculos fúteis e partiu rumo à conquista.

Nada de cantadas clichês e desculpas infantis, assim João iniciou uma conversa amigável, sem demonstrar maiores pretensões, estava satisfeito somente por estar ali, perto dela. Os ponteiros no relógio insistiam em pegar a esquerda, tudo fluiu, a noite findou e João levou consigo seu troféu pra casa.

Domingo, sol, ausência. Um bilhete, um número e nada mais, será que era isso que João realmente queria? Ligar e se permitir ou amassar a possibilidade de amar?! O tempo passou juntamente com o ócio do primeiro dia da semana, o repouso era necessário após a noite memorável e a semana árdua que estaria prestes a começar, a decisão de ligar ficou para o outro dia.

Tic-tac, o grande relógio preto no alto da sala gritava insanamente por uma atitude, o coração de João não cabia em seu peito, aguardou mais um pouco, perguntou-se: “Eu valho à pena?”, pegou o telefone, discou o número e aguardou. De repente a voz charmosa atendeu: “Alô”, sem nenhuma resposta em mente a reciprocidade foi instantânea e João disse: “Alô”, neste momento uma onda de lembranças da noite de sábado veio à mente de João, ele havia dito sim ao alô mais lindo que já ouvira, valeria a pena se permitir dessa vez, só mais uma vez.

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